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09/04/2012
às 13:01O combate à homofobia não pode ser “catolicofóbico”, “evangelicofóbico”, “diferentofóbico”. Ou: Movimento gay quer passar de beneficiário da liberdade de expressão à condição de censor?
Escrevi na quinta-feira um post sobre um processo
a meu ver absurdo que o Ministério Público move contra o pastor Silas
Malafaia. Expliquei ali o contexto. Quando, em junho do ano passado, a
passeata gay caracterizou 12 modelos como santos católicos e os levou à
avenida para representar situações “homoafetivas”, Malafaia, em seu
programa de TV, acusou a agressão à crença de milhões de pessoas e
afirmou: “É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras,
sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É uma
vergonha!” Explico naquele texto por que é absurda a afirmação de que se
trata de incitamento à violência: 1) católicos, enquanto católicos, não
agridem ninguém (ao contrário até: vivem sendo moralmente agredidos);
2) o pastor não é um líder daquela religião, por óbvio, e não teria como
incitar aqueles que estão fora de seu campo de influência. Obviamente,
falava de modo metafórico, opinava em favor de uma reação da Igreja —
que, diga-se, ficou bem murchinha…
O post já tem mais de 700 comentários — e
devo ter deixado de publicar outro tanto de pessoas que se manifestam
com impressionante rancor. Ou, então, que deixam claro não saber como
funciona a democracia. Olhem aqui: eu não dou bola para correntes da
Internet, não! Zero! Não me intimido com trabalho organizado de lobbies.
Penso o que penso. Se gostarem, bem; se não, a Internet conta com
milhões de páginas pessoais. Por que ficar sofrendo na minha? Posso não
pensar sobre a homossexualidade o que pensa Malafaia — embora, creio,
façamos crítica muito parecida à tal lei que pune a homofobia: é
autoritária, fere a liberdade religiosa e cria uma categorias de
indivíduos acima da crítica.
Muito bem! E daí que eu não pense o
mesmo? Devo silenciar diante de uma óbvia tentativa de calá-lo, ao
arrepio, parece-me, da lei? Sim, a Justiça vai decidir, mas posso e devo
dizer o que acho. Acho que estão recorrendo a uma óbvia linguagem
metafórica com o propósito de se vingar de um notório crítico da dita
Lei Anti-Homofobia. Entendo que estamos diante de um caso clássico de
uso da lei para intimidar ou calar aquele que pensa de modo diferente.
Os grupos do sindicalismo gay fazem uma
enorme pressão para que ele seja punido. Venham cá: que parte da cultura
democrática essa gente não entendeu direito? Então eles podem pegar
símbolos de uma denominação cristã, que têm valor para mais de um bilhão
de pessoas, submetê-los a uma, como posso dizer?, “interpretação
livre”, mudando ou mesmo invertendo seu sentido moral, mas um líder
religioso deveria ser impedido de dizer o que pensa?
Calma lá! É a liberdade de expressão como
um valor universal que permite hoje a essas ditas minorias, a esses
grupos de pressão, falar, reivindicar etc. O que querem? Coibir a dita
homofobia metendo na cadeia quem não comunga de seus valores? Já
assisti, em vídeos na Internet, a algumas intervenções de Malafaia na
TV. Em nenhuma delas incitava a violência — e duvido que o faça. Ninguém
pode obrigá-lo a renunciar à sua fé e aos fundamentos de sua crença.
Tampouco me parece decente que se recorra a um truque para tentar
condená-lo. Querem lhe atribuir o que não disse - e que, de
fato, seria ilegal - para tentar puni-lo pelo que disse. E que nada tem
de ilegal.
Isso, reitero, não quer dizer que eu
concorde com ele sobre esse e outros temas. Aliás, ele é evangélico; eu
sou católico. Isso significa… divergência!!! Mas não vou condescender
com esses que se querem agora policiais do pensamento. Ora, de
beneficiário da liberdade de expressão, o sindicalismo gay quer passar
agora à condição de repressor, de censor? Não dá!
Também não vale o artifício de fazer
eternamente o papel do oprimido para oprimir os outros. Estou entre
aqueles que acreditam que há tantos gays hoje (percentualmente falando)
como sempre houve. Uma coisa, no entanto, é certa: a cultura gay nunca
foi tão forte, e essa minoria nunca foi tão visível e influente. Virou,
por exemplo, pauta obrigatória das novelas — ainda que o tratamento
dispensado pelos autores varie bastante. Se notarem, são sempre
personagens “do bem”. Uma malvadão gay seria “contra a causa”. Ignorando
a letra explícita da Constituição, o STF reconheceu a união estável
homossexual, o que praticamente garante os demais direitos — agora é só
questão de ajuste da legislação infraconstitucional.
E tudo isso se deu sem uma lei para punir
opiniões divergentes. A militância gay não conseguirá mudar na base do
berro, da imposição e da perseguição jurídica o entendimento das igrejas
a respeito do assunto. Recorrer a truques para punir desafetos, que
estão amparados pela liberdade de pensamento e pela liberdade religiosa,
é coisa de autoritários. O combate à homofobia não pode ser
“catolicofóbico”, “evangelicofóbico”, “diferentofóbico”.
Afinal, qual é a pauta? Reivindicam
direitos iguais ou direitos especiais, muito especialmente o de calar
aqueles de que discordam?
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